Guerreira, batalhadora e pau para toda obra. Adjetivos que retratam a forte e simples criatura que era e sua importância num mundo que urge cada vez mais por pessoas com tais atributos. Uma Guerreira nunca desiste de suas lutas, tanto que ao adoecer, continua preocupada com o bem-estar de sua família, e logo se esforça para recuperar a saúde, mesmo que seja um mal-estar.
Quando pequena, Terezinha e seu irmão materno, Zezinho (José Carlos), foram matriculados por sua mãe em um colégio interno para que pudesse trabalhar. Ela e sua mãe nunca deixaram que seus filhos passassem necessidades materiais, principalmente afetivas. Estas significam os cuidados que uma mãe tem pela sua prole, seja através de uma correção por meio de uma coça porque seu filho ou filha fizeram uma “arte” qualquer, seja por um tapa na boca por eles terem pronunciado um palavrão — que criança nenhuma deveria pronunciar na frente das pessoas —, principalmente na presença das amigas de sua mãe.
Saía todos os dias de domingo a domingo, fizesse chuva ou sol para trabalhar como empregada doméstica, enquanto seus filhos dormiam na casa de sua mãe Tereza. Esse ofício estava na família fazia tempos. Terezinha aprendeu com sua mãe, que ensinou à sua irmã materna, Lalá (Adelaide), e repassou para sua filha Adriana.
Certo dia, grávida de Luciano, irmão caçula de Adriana, passou por um grande susto durante um incêndio no edifício onde trabalhava. Em outra ocasião, um incidente diferente ocorreu, ao entrar na rua onde morava, quando foi atropelada por um carro desgovernado, em alta velocidade, dirigido por um vizinho, no que resultou em fraturas nas pernas e escoriações no corpo, deixando-a durante alguns meses acamada, e após este período, teve uma plena recuperação daquele infortúnio, sempre preocupada com seus filhos e afazeres domésticos e cotidianos. Mas, graças a Deus, o processo de convalescença foi um sucesso.
Incentivou seu filho mais velho a prestar um concurso público para ingressar na Marinha do Brasil para seguir a carreira de marinheiro, porque desejava que ele fosse bem-sucedido no futuro. Felizmente, após muito esforço, ele teve êxito. Ela adotou e criou seu neto Maicon, filho de Adriano, gêmeo de Adriana, depois que este morreu por causa de um traumatismo craniano, ao cair do trem quando ia trabalhar. Ainda adotou Sandra, sua parente, filha de sua sobrinha Regina, que não tinha boas condições financeiras.
Terezinha também não usufruía de condição financeira privilegiada, pois recebia salário de empregada doméstica. Mesmo assim, como sempre, pensava no bem-estar de sua família mais do que em seu próprio. Usou parte de suas suadas economias para comprar a casa que alugava há anos.
Tamanha era sua preocupação com o bem-estar alheio, esqueceu-se de si mesma e não se preocupou com um pequeno detalhe, um nódulo que surgiu em um de seus seios, apesar de ter sido orientada pela sua irmã materna, Lalá e sua cunhada Dina (Josefina), irmã de seu marido Antonio, a ir à consulta médica. Sempre relutava em se consultar, mas, quando deu-se conta de si — porque vivia ocupada com seus afazeres no trabalho e em casa nas suas folgas —, descobriu tardiamente, no diagnóstico médico, que o tal “nodulozinho” era um câncer de mama que já havia tomado conta de quase todo seu corpo. Tarde demais! Triste ironia do destino! Anos antes, uma de suas filhas havia morrido de leucemia, o que a abalou profundamente, apesar de todas as tentativas de apoio. Foi um duro baque com essa perda lastimável!
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Seu filho mais velho morava distante, mas, quando ele a visitava, percebia o sofrimento em seus tristes olhos. Numa dessas visitas, ao tentar consolá-la, ela não pode conter as lágrimas de dor e desespero que rolaram pelo seu sofrido e abatido rosto, porque temia a morte. Alguns dias depois, foi internada às pressas, mas, apesar de todos os esforços médicos, infelizmente, veio a falecer. Era enérgica e decidida quando tinha que ser, mas doce, amável e alegre na maior parte do tempo, e muito querida por todos.
Seu sobrenome era Agripina, e seu nome Terezinha. Apesar de seu nome estar no diminutivo nos registros do cartório, era uma grande mulher. Terezinha é de nascimento, contudo, tem um significado bastante carinhoso, assim como a dona do nome. Não era renomada como outras “Terezinhas”, e nem considerada uma santa como outras “Agripinas”, porém, era muito especial. Infelizmente, foi levada por uma doença fatal, e jamais será esquecida, tanto na vida como na morte, porque sempre foi e sempre será a Guerreira que estará eternamente em nossos corações!